Movimento inorgânico ameaça voltar a radicalizar protestos na PSP e GNR

À margem dos sindicatos, movimento pôs a circular na rede um apelo à recusa de serviços gratificados no fim-de-semana do Rali de Portugal.

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Durante a campanha, Luís Montenegro prometeu ceder às reivindicações das forças de segurança Nelson Garrido (arquivo)
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O apelo que corre nos grupos partilhados por elementos da PSP e da GNR é claro: se até ao dia 10 de Maio o Governo não encontrar uma solução que garanta o pagamento de um subsídio de risco semelhante ao atribuído à Polícia Judiciária, os polícias voltam a recusar fazer serviços gratificados, nomeadamente no fim-de-semana para o qual estão marcados o Rali de Portugal e vários jogos de futebol da I Liga.

O ultimato corre nas redes sociais à margem da posição assumida pelos sindicatos daquelas duas forças de segurança, que se preparam para se reunir com a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, na próxima segunda-feira, dia 22. Ao PÚBLICO, Bruno Pereira, da Plataforma dos Sindicatos da Polícia, garante que os sindicatos são alheios à iniciativa, cujo anonimato critica. "Não sabemos tão-pouco quem é o promotor deste protesto, que até pode vir de alguém que nem polícia é", disse, lembrando que tentativas anteriores de radicalizar o protesto dos agentes de segurança, "felizmente, não tiveram acolhimento".

O mesmo movimento inorgânico está a tentar mobilizar os agentes para uma manifestação no dia 25 de Abril, em frente ao Parlamento, num anúncio que constitui uma forma de pressionar o Governo a ceder no pagamento a todas as forças de segurança do suplemento de missão atribuído à PJ e que ronda em média os 700 euros por mês.

“Relembrar que a PJ tem direito à greve, e nós não”, lê-se no apelo a que o PÚBLICO teve acesso, depois de um parágrafo em que os agentes dizem: “Basta de polícias sem capacidade para terem os filhos na faculdade, basta de polícias que não têm dinheiro para dar vida condigna aos filhos, basta de polícias que querem ter filhos e não conseguem por motivos económicos, basta de polícias com pouco mais do que o salário mínimo, basta de polícias que comem sandes ao almoço/jantar por motivos pecuniários.”

A reivindicação da PSP e da GNR recua a Dezembro, mês em que o anterior Governo aprovou um aumento do suplemento de risco pago aos agentes da PJ que já ultrapassava os 400 euros e que subiu para os 967 euros brutos. Note-se que, quando entram na carreira, polícias e guardas prisionais auferem pouco mais do que o salário mínimo, 907 euros, a que se somam suplementos de risco que nesta fase totalizam os 280 euros e que, na categoria de agente principal, chegam aos 360 euros.

No início, a indignação assumiu a forma de uma petição online lançada pelo Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia, que reuniu em poucas horas mais de 14.600 assinaturas. Os protestos traduziram-se depois em manifestações disseminadas por todo o país e impulsionadas pelo protesto do agente da PSP Pedro Costa, que passou várias noites ao relento em frente à Assembleia da República.

Na sexta-feira, 12 de Abril, a ministra da Administração Interna disse, a propósito da primeira reunião formal na segunda-feira entre os representantes das forças de segurança e a tutela, que o suplemento de missão não é a única prioridade do Governo para as polícias. "A prioridade tem que ver com aquilo que é o compromisso deste Governo. As prioridades são todas, temos de ter uma polícia moderna, eficaz e com os meios que a dignificam", disse aos jornalistas Margarida Blasco, no final de uma reunião com todos os sindicatos da PSP e associações da GNR.

Segundo Bruno Pereira, os sindicatos não vão avançar com propostas concretas neste encontro, para além da relacionada com o suplemento de risco. "Esperamos que a ministra nos apresente um plano de acção que seja consequente e que permita apaziguar e serenar os agentes da PSP e os militares da GNR", endossando para o Governo a responsabilidade de traçar um calendário.

Notícia actualizada às 11h45, com declarações de Bruno Pereira, da Plataforma dos Sindicatos da Polícia

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